domingo, 20 de julho de 2025

Sensores de Efeito Hall em Bicicletas e Scooters Elétricas: Descrição, Aplicação e Desempenho

As bicicletas e scooters elétricas vêm se consolidando como alternativas práticas, econômicas e sustentáveis ao transporte urbano. No coração de seu funcionamento está a eletrônica de controle, onde os sensores de efeito Hall desempenham um papel crucial. Eles são os "olhos" do sistema, fornecendo informações precisas sobre velocidade, posição, corrente, direção do campo magnético e acionamento de motores. Este artigo se propõe a explorar em profundidade os principais sensores Hall utilizados nesse segmento, detalhando suas características, aplicações e desempenho.



1. O que é o efeito Hall?

O efeito Hall é um fenômeno físico descoberto por Edwin Hall em 1879. Quando uma corrente elétrica percorre um condutor ou semicondutor e um campo magnético é aplicado perpendicularmente a essa corrente, surge uma tensão lateral — chamada tensão Hall. Essa tensão pode ser medida e usada para detectar a presença e intensidade de campos magnéticos.

Os sensores de efeito Hall exploram esse fenômeno para diversas finalidades, especialmente detecção de posição e rotação. Eles são amplamente utilizados em sistemas de controle de motores, medidores de velocidade, freios regenerativos, sensores de corrente e muito mais.


2. Aplicação dos sensores Hall em bicicletas e scooters elétricas

Nas bicicletas e scooters elétricas, os sensores de efeito Hall podem ser encontrados em diversas partes:

  • Motores brushless (sem escovas): para detecção da posição do rotor e sincronização da comutação.

  • Sensor de pedal assistido (PAS): detecta o movimento e a direção dos pedais.

  • Acelerador manual: mede a posição da manopla.

  • Controladora de corrente: mede a intensidade de corrente nos cabos.

  • Freios regenerativos: acionam ou desligam sistemas eletrônicos.

  • Display e painel digital: para feedback do usuário.

Esses sensores operam sob diferentes especificações de sensibilidade, tensão e tipo de saída. Vamos conhecer agora os principais modelos usados nesses veículos.


3. Principais sensores Hall usados em e-bikes e e-scooters

3.1 Sensor Hall 41F

  • Tipo: Sensor digital unipolar

  • Tensão de operação: 3,5V a 24V

  • Aplicação: Muito utilizado em motores de cubo (hub motors) brushless.

  • Características: Detecta a presença de campo magnético de um único polo (normalmente o sul).

  • Vantagem: Alta confiabilidade, resposta rápida e baixo custo.

  • Desempenho: Opera bem em altas rotações, com resposta estável mesmo em ambientes com vibração.


3.2 Sensor Hall 43F

  • Tipo: Sensor digital bipolar

  • Aplicação: Pode ser usado em sensores de pedal assistido e aceleradores.

  • Características: Exige a presença de ambos os polos magnéticos para chaveamento.

  • Vantagem: Maior imunidade a interferências.

  • Desvantagem: Pode ser menos sensível em montagens compactas.


3.3 Sensor Hall 49E

  • Tipo: Sensor analógico linear

  • Aplicação: Comum em aceleradores e sensores de corrente.

  • Vantagem: Proporciona uma saída analógica proporcional à intensidade do campo magnético.

  • Desempenho: Ideal para controlar aceleração de forma progressiva.


3.4 Sensor Hall G3141

  • Tipo: Digital unipolar

  • Tensão de operação: 3V a 24V

  • Aplicação: Motores brushless e PAS

  • Características: Muito compacto, com tempo de resposta de microsegundos.

  • Desempenho: Funciona de forma confiável em ambientes hostis com variações térmicas.


3.5 Sensor Hall G3146

  • Tipo: Digital unipolar latched

  • Aplicação: Muito usado em sensores PAS e controladores de torque.

  • Características: Mantém o estado de saída mesmo após a retirada do campo magnético.

  • Vantagem: Ideal para aplicações que exigem estabilidade de leitura.


3.6 Sensor Hall 413

  • Tipo: Digital unipolar

  • Aplicação: Motores e rodas

  • Características: Similar ao 41F, porém com ligeiras diferenças na sensibilidade e resposta.

  • Desempenho: Confiável em rotações elevadas.


3.7 Sensor Hall Y3147

  • Tipo: Bipolar latched

  • Aplicação: Pedal assistido e controle de motor

  • Vantagem: Alternância firme e segura entre os estados “on” e “off”.

  • Desempenho: Altamente resistente a ruídos elétricos.


3.8 Sensor Hall Y3461

  • Tipo: Latched digital

  • Aplicação: Sistemas de freio e PAS

  • Vantagem: Baixo consumo e alta resistência a temperatura.


3.9 Sensor Hall G3466

  • Tipo: Unipolar

  • Aplicação: Controladores de torque e motores

  • Desempenho: Suporta altas temperaturas, ideal para ambientes com sobreaquecimento.


3.10 Sensor Hall N602

  • Tipo: Bipolar digital

  • Aplicação: Aceleradores e sensores de corrente.

  • Vantagem: Resposta rápida e linear em baixas rotações.

  • Desvantagem: Não indicado para motores de alta potência.


3.11 Sensor Hall 4601

  • Tipo: Analógico linear

  • Aplicação: Medição de corrente elétrica

  • Vantagem: Alta resolução de leitura

  • Desempenho: Ideal para aplicações que requerem medição precisa de intensidade de corrente no sistema de tração.


3.12 Sensor Hall N41

  • Tipo: Unipolar digital

  • Aplicação: Motores brushless e acionamento de PAS

  • Desempenho: Baixa latência e resposta rápida.


3.13 Sensor Hall 42

  • Tipo: Digital, sensibilidade média

  • Aplicação: Sistemas simples de PAS e roda livre magnética

  • Desempenho: Boa estabilidade e preço acessível.


4. Comparação entre sensores digitais e analógicos

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5. Critérios para escolha do sensor Hall ideal

A escolha do sensor ideal depende de diversos fatores:

  • Posição de instalação

  • Velocidade de operação

  • Tipo de acionamento (digital ou analógico)

  • Espaço físico disponível

  • Temperatura ambiente

  • Compatibilidade com a controladora

A substituição de um sensor por outro exige atenção às especificações elétricas e magnéticas. Um erro comum é substituir sensores unipolares por bipolares, causando falhas intermitentes no motor ou no PAS.


6. Desempenho prático e durabilidade

Sensores Hall bem instalados podem durar anos sem falhas, mas estão sujeitos a:

  • Calor excessivo: pode reduzir a vida útil.

  • Umidade: sensores mal vedados podem oxidar internamente.

  • Vibrações: podem soltar o encapsulamento ou solda.

  • Interferência eletromagnética: afeta sensores analógicos.

A manutenção preventiva envolve testes com multímetro ou testadores de sensores Hall (como os usados em motores BLDC) e inspeção visual do estado físico do componente.


7. Testando um sensor Hall

Para testar um sensor Hall fora do circuito, você pode:

  1. Conectar alimentação de 5V (com fonte ou bateria).

  2. Ligar o GND e o VCC corretamente.

  3. Ligar a saída a um LED com resistor ou a um multímetro.

  4. Aproximar um ímã e observar a mudança de estado.

Esse teste ajuda a determinar se o sensor está chaveando corretamente.


8. Substituição e compatibilidade

Sempre que for substituir um sensor Hall:

  • Consulte o datasheet original.

  • Verifique o tipo (digital, analógico, latched, unipolar ou bipolar).

  • Compare as tensões e a corrente máxima permitida.

  • Cuidado com sensores similares de fabricantes diferentes, pois o código pode mudar, mas a pinagem ou o comportamento podem ser diferentes.


9. Outros sensores Hall relevantes

Além dos citados, outros sensores que podem aparecer em scooters e e-bikes:

  • SS41 e SS49 (Honeywell): confiáveis e duráveis, amplamente usados.

  • A3144: sensor clássico, substituto de muitos modelos de linha.

  • OH49E: versão chinesa do 49E, com boa aceitação no mercado.

  • SS443A: alta sensibilidade e boa resposta térmica.


10. Conclusão

Os sensores de efeito Hall são essenciais para o funcionamento seguro e eficiente das bicicletas e scooters elétricas modernas. Cada modelo possui especificações únicas que se adaptam a funções específicas, como controle de motor, aceleração, frenagem ou medição de corrente. Conhecer as diferenças entre os sensores, saber testá-los e substituí-los corretamente pode representar economia, segurança e aumento da vida útil dos sistemas elétricos desses veículos.

A escolha do sensor adequado — seja ele um 41F em um motor, um 49E em um acelerador ou um G3141 em um PAS — faz toda a diferença no desempenho final. Entender suas características não é apenas uma questão técnica, mas uma etapa fundamental na manutenção e melhoria das e-bikes e e-scooters.


sábado, 12 de julho de 2025

Shimano Fest 2025: A maior celebração da bicicleta na América Latina


A Shimano Fest 2025 chega com força total, consolidando-se mais uma vez como o maior festival da bicicleta da América Latina. Realizado anualmente em São Paulo, o evento é uma verdadeira celebração da cultura da bike, unindo marcas, atletas, lojistas, apaixonados por pedal e o público em geral em um espaço democrático, inclusivo e cheio de novidades. Nesta edição de 2025 que acontecerá nos dias 14, 15, 16 e 17 de agosto no Memorial da América Latina, a festa vem ainda maior, com mais atrações, estrutura ampliada e um olhar mais atento à sustentabilidade e à mobilidade urbana.

Com entrada gratuita e programação voltada tanto para profissionais do setor quanto para famílias e curiosos, o Shimano Fest se consolida como uma vitrine do mercado de bicicletas e uma importante plataforma de conscientização sobre o uso da bike como meio de transporte, lazer e saúde.


História e evolução do Shimano Fest

Criado pela multinacional japonesa Shimano, líder global em componentes para bicicletas, o Shimano Fest nasceu no Brasil em 2010 com o objetivo de divulgar a cultura da bike e aproximar o público das tecnologias, modalidades esportivas e estilo de vida sobre duas rodas.

O evento teve suas primeiras edições em locais mais compactos, mas com o crescimento exponencial da bicicleta como meio de transporte e de vida, o Shimano Fest também evoluiu. Desde 2019, o festival é realizado no Memorial da América Latina, em São Paulo, uma localização estratégica e de fácil acesso para o público. Ao longo dos anos, o evento foi se tornando referência não só no Brasil, mas em toda a América Latina.

A proposta de ser 100% gratuito, inclusivo e aberto à família sempre se manteve como pilar central do festival. Com isso, a Shimano conquistou algo raro: reunir o público apaixonado por competição, mobilidade urbana, tecnologia e aventura, com quem pedala por lazer ou está apenas dando os primeiros giros de pedal.


O que esperar da edição 2025



A edição 2025 traz uma estrutura ainda mais robusta, com previsão de receber mais de
50 mil visitantes ao longo dos quatro dias de evento. A programação foi dividida estrategicamente: os dois primeiros dias são voltados a profissionais do setor (lojas, oficinas, montadoras, distribuidores), e os dois últimos são abertos ao público geral.

Alguns dos grandes destaques da edição 2025 incluem:

  • Área Test Ride ampliada, com mais de 2.000 m² dedicados a testes de bicicletas urbanas, de estrada, MTB e elétricas.

  • Pista de Pump Track, com competições e desafios para atletas e amadores.

  • Mais de 120 marcas expositoras, incluindo grandes nomes internacionais e marcas nacionais 100% brasileiras.

  • Debates sobre mobilidade urbana, infraestrutura cicloviária e políticas públicas.

  • Espaço Kids com oficinas, atividades educativas e monitores especializados.

  • Shimano Lounge com exposição de novas tecnologias, peças de alta performance e experiências de realidade aumentada.




Test Ride: experimentando o futuro da bike

Um dos momentos mais aguardados do Shimano Fest é a área de Test Ride, onde o público pode testar dezenas de modelos de bicicletas, incluindo e-bikes (bicicletas elétricas), modelos de MTB, gravel, urbanas e de estrada. Em 2025, a área ganhou uma reformulação completa, com pista exclusiva para bicicletas elétricas, espaço para bikes infantis e nova área coberta para testagem em caso de chuva.

Essa é a chance de sentir na prática o desempenho de uma bike de carbono, experimentar o torque de uma e-bike com motor central ou avaliar a ergonomia de um novo modelo urbano. Além disso, técnicos e representantes das marcas ficam disponíveis para explicar as especificações e diferenciais de cada modelo.

Essa imersão prática é um dos fatores que torna o Shimano Fest um espaço único no mundo das bikes, aproximando tecnologia e consumidor final de forma direta.


Competições, cultura e diversão para toda a família

A programação esportiva do Shimano Fest 2025 é outro ponto alto. Entre as atrações confirmadas estão:

  • Desafio de MTB Short Track com atletas profissionais em uma pista técnica e explosiva.

  • Apresentações de BMX Freestyle e Dirt Jump, com manobras aéreas que encantam crianças e adultos.

  • Corridas infantis, onde os pequenos competem com equilíbrio e diversão.

  • Bike Parade — o tradicional passeio ciclístico pelas ruas de São Paulo, com centenas de ciclistas em um trajeto urbano animado por música e carros de apoio.

Mas o evento vai muito além do esporte. O Palco Shimano traz uma programação cultural intensa com shows musicais, palestras sobre sustentabilidade, debates sobre ciclismo urbano, e workshops sobre mecânica de bicicletas, cicloturismo e segurança no trânsito.




Marcas presentes e lançamentos 2025

A Shimano Fest sempre foi palco de lançamentos nacionais e internacionais, e 2025 não será diferente. Várias marcas escolheram o evento para apresentar novas linhas de bicicletas, capacetes, peças, sensores, painéis digitais, acessórios e roupas técnicas.

Entre os expositores confirmados estão:

  • Shimano, com uma linha atualizada de grupos Deore XT e a nova geração do sistema de transmissão elétrica Di2.

  • Caloi, apresentando sua linha 2025 com novos modelos de e-bikes voltados para o público urbano.

  • Sense Bike, marca 100% brasileira, trazendo inovações em sua linha de mountain bikes e bicicletas urbanas com grafismos modernos e baterias integradas.

  • Trek, Cannondale, Specialized e Scott, com novidades importadas diretamente para o festival.

  • Marcas de peças e acessórios como Isapa, Pro, Thule, Kenda, Algoo, entre outras.

Destaque também para startups do setor de mobilidade, que apresentarão soluções inteligentes como rastreamento GPS, sensores de pressão e apps de monitoramento de desempenho.


Sustentabilidade e responsabilidade social em destaque

A Shimano Fest 2025 reforça seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. Todas as estruturas do evento foram pensadas para minimizar o impacto ambiental. Entre as ações concretas:

  • Coleta seletiva e reciclagem de resíduos

  • Incentivo à chegada de bicicleta com bicicletário gratuito, seguro e vigiado

  • Oficinas de mecânica para capacitação de jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade

  • Doações de bicicletas a projetos sociais

  • Espaço "Bike sem Barreiras", com test ride de triciclos adaptados para pessoas com deficiência

A Shimano também promove debates sobre o papel da bicicleta na mobilidade urbana sustentável, abordando temas como segurança no trânsito, infraestrutura cicloviária e inclusão da bike em políticas públicas.


Impacto no mercado e na cultura da bicicleta

Mais do que um festival, a Shimano Fest é uma ferramenta de transformação cultural. Ao reunir todos os agentes da cadeia da bicicleta — de ciclistas amadores a engenheiros de produto —, o evento cria conexões e impulsiona o setor.

Marcas aproveitam o evento para ouvir o consumidor final, testar produtos, colher feedbacks e observar tendências. Lojistas fazem negócios, distribuem brindes e fecham parcerias. Famílias descobrem o prazer de pedalar juntas. Crianças têm sua primeira experiência sobre duas rodas. E São Paulo, ao menos por quatro dias, respira bicicleta como em poucas capitais do mundo.

O impacto do Shimano Fest vai além da economia direta gerada por expositores, turismo e vendas. Ele também provoca uma mudança de mentalidade, promovendo a bicicleta como ferramenta de saúde pública, mobilidade limpa e lazer seguro.


Expectativas para o futuro

Com a edição de 2025, a Shimano Fest consolida uma década e meia de presença no Brasil. A cada nova edição, o evento se reinventa, ampliando horizontes e fortalecendo laços entre indústria, consumidor e sociedade.

As expectativas para os próximos anos são de crescimento ainda maior, com possível expansão do modelo para outras capitais brasileiras, parcerias com universidades, rodadas de negócios internacionais e mais ações de impacto social.

O futuro do Shimano Fest é o reflexo do futuro da bicicleta: mais tecnologia, mais inclusão, mais sustentabilidade — e mais amor pelas pedaladas.


Conclusão

O Shimano Fest 2025 reafirma seu papel como o principal ponto de encontro de quem vive, trabalha ou simplesmente ama o universo da bicicleta. Seja para experimentar lançamentos, assistir a competições, curtir atrações culturais ou apenas dar uma volta com os filhos, o evento tem espaço para todos.

Com entrada gratuita, programação diversificada, grandes marcas e um clima único de celebração, o Shimano Fest mostra que pedalar vai muito além do esporte — é estilo de vida, saúde, consciência e transformação social.

Se você é ciclista, curioso, entusiasta, lojista, profissional do setor ou apenas alguém em busca de novas experiências, marque na agenda: Shimano Fest é o lugar para estar.


A Shimano Fest 2025 acontecerá nos dias 14, 15, 16 e 17 de agosto no Memorial da América Latina em São Paulo, ao lado do metrô Barra Funda.


Mais informações podem ser obtidas através do site do evento:

https://shimanofest.com.br/


Até o Próximo!


quinta-feira, 10 de julho de 2025

Fim da Anistia para Ciclomotores em Dezembro de 2025: O Que Diz a Resolução 996/23 do CONTRAN e Como Isso Afeta Scooters e Bicicletas Elétricas


Nos últimos anos, o uso de veículos elétricos leves cresceu significativamente no Brasil. Scooters elétricas, bicicletas elétricas e ciclomotores tornaram-se alternativas práticas e econômicas para a mobilidade urbana. No entanto, esse crescimento acelerado também trouxe desafios regulatórios. Com isso, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) publicou em 2023 a Resolução nº 996, que disciplina a regularização dos ciclomotores e estabelece o fim do período de anistia para emplacamento e licenciamento em dezembro de 2025.

Neste artigo, vamos entender em detalhes o que diz essa resolução, como ela impacta quem possui scooters elétricas e bicicletas elétricas com acelerador manual, e o que é necessário fazer para evitar problemas legais e multas a partir de 2026.


O Que É a Resolução 996/2023 do CONTRAN?

A Resolução CONTRAN nº 996/23, publicada em 27 de junho de 2023, substitui as antigas Resoluções 315/09, 934/22, 947/22 e tem como objetivo principal atualizar as definições e exigências legais para veículos classificados como ciclomotores, bicicletas elétricas, e outros similares.

Ponto-chave: Definições atualizadas

A resolução reforça que ciclomotores são veículos de duas ou três rodas com motor de combustão interna de até 50 cm³ ou elétrico com potência até 4 kW (cerca de 5,4 cv), cuja velocidade máxima não ultrapasse 50 km/h. Para esses veículos, o emplacamento, licenciamento, seguro DPVAT e habilitação (categoria A ou ACC) são obrigatórios.

Também diferencia as bicicletas elétricas de ciclomotores: bicicletas elétricas são aquelas com motor auxiliar, que só funciona quando o ciclista pedala (ou seja, com pedal assistido), com potência limitada a 1000W, e velocidade máxima de 32 km/h.

Qualquer bicicleta elétrica com acelerador manual — mesmo que o ciclista também possa pedalar — deixa de ser considerada bicicleta elétrica aos olhos da lei e passa a ser tratada como ciclomotor.


Período de Anistia e Prazo Final: Dezembro de 2025

A Resolução 996/23 concedeu um prazo para que os proprietários de ciclomotores que ainda não estão regularizados possam fazê-lo sem penalizações. Esse período de anistia termina em 31 de dezembro de 2025.

A partir de 1º de janeiro de 2026, qualquer ciclomotor não emplacado poderá ser apreendido, e o condutor estará sujeito a multas, além de outras penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).


Impacto para Scooters Elétricas

A maioria das scooters elétricas vendidas no Brasil se enquadra na categoria de ciclomotor. Elas possuem acelerador, não exigem pedalada, e geralmente atingem velocidades entre 33 e 50 km/h. Algumas nem possuem pedais.

O que será exigido a partir de 2026:

  • Registro no DETRAN e emplacamento;

  • Licenciamento anual;

  • Seguro obrigatório (DPVAT ou equivalente);

  • CNH categoria A ou ACC;

  • Uso obrigatório de capacete com viseira ou óculos de proteção;

  • Retrovisores, buzina, iluminação dianteira e traseira e pneus adequados.

Quem não regularizar sua scooter elétrica até o fim do prazo poderá enfrentar:

  • Multa gravíssima (R$ 293,47 + 7 pontos na CNH) por conduzir veículo não licenciado;

  • Apreensão do veículo;

  • Eventuais dificuldades em circular por vias públicas e ciclovias.


Impacto para Bicicletas Elétricas com Acelerador Manual

Aqui está o ponto mais sensível da Resolução 996/23. Mesmo que um veículo tenha pedais funcionais e aparência de bicicleta, a presença de um acelerador manual transforma a bicicleta elétrica em ciclomotor perante a lei.

Ou seja, se você possui uma bicicleta elétrica com acelerador de punho ou botão e ela funciona mesmo sem pedalar, ela se enquadra como ciclomotor, e as mesmas exigências para scooters se aplicam.

O que isso significa na prática:

  • Sua bike elétrica precisa ser registrada no DETRAN;

  • O condutor deve possuir CNH A ou ACC;

  • O veículo precisa atender aos requisitos de segurança de um ciclomotor;

  • Você só poderá circular em ruas e vias permitidas para esse tipo de veículo — não em calçadas, ciclovias ou passeios públicos.


Exceções: Bicicletas com Pedal Assistido (PAS)

Bicicletas com sistema exclusivamente de pedal assistido (PAS), sem acelerador manual, com limite de potência de até 1000W e velocidade máxima de 32 km/h, continuam sendo consideradas bicicletas comuns.

Essas bicicletas:

  • Não precisam de emplacamento;

  • Não exigem CNH ou ACC;

  • Podem circular em ciclovias e áreas de uso compartilhado com pedestres;

  • Não exigem uso de capacete fechado, embora o uso de um capacete adequado seja sempre recomendável.


Por Que Isso Importa? Os Riscos para Quem Ignorar a Resolução

Muitos proprietários de scooters e bicicletas elétricas com acelerador ainda desconhecem as exigências legais ou acreditam que a fiscalização será branda. No entanto, a partir de 2026, os órgãos de trânsito estarão legalmente respaldados para:

  • Recolher e multar veículos irregulares;

  • Impedir a circulação em áreas proibidas;

  • Exigir CNH mesmo para modelos de “baixa potência” com acelerador.

Além disso, em caso de acidentes, a responsabilidade civil e criminal do condutor pode ser agravada pela irregularidade do veículo.


Como Regularizar Seu Ciclomotor Elétrico Antes do Prazo

Se você possui uma scooter ou uma bicicleta elétrica com acelerador, o ideal é iniciar o processo de regularização o quanto antes. Eis o que você precisa fazer:

  1. Solicitar a nota fiscal do fabricante ou vendedor;

  2. Apresentar o veículo ao DETRAN do seu estado para vistoria;

  3. Reunir a documentação (CPF, RG, comprovante de residência, nota fiscal);

  4. Solicitar o emplacamento e licenciamento;

  5. Efetuar o pagamento do seguro obrigatório (se vigente);

  6. Estar com a CNH categoria A ou ACC regularizada.

Em alguns estados, existem programas de apoio e orientações específicas para ciclomotores elétricos. Verifique com o DETRAN da sua região.


Alternativa: Remover o Acelerador?

Alguns proprietários de bicicletas elétricas com acelerador têm optado por remover o acelerador manual, mantendo apenas o sistema de pedal assistido. Com isso, o veículo passa a se enquadrar como bicicleta elétrica convencional, desde que atenda às demais exigências técnicas da Resolução 996/23.

Contudo, essa modificação deve ser feita com atenção, pois:

  • Precisa impedir completamente o acionamento do motor sem pedalada;

  • Pode exigir alteração no controlador ou sensor;

  • Deve manter o limite de potência de 1000W e velocidade até 32 km/h.


Considerações Finais

O fim do período de anistia para ciclomotores elétricos em dezembro de 2025 trará mudanças significativas para milhares de brasileiros que utilizam scooters e bicicletas elétricas com acelerador no dia a dia. A Resolução 996/23 do CONTRAN deixa claro que quem não se adequar estará sujeito a multas, apreensão do veículo e outras penalidades.

Por isso, é fundamental que os proprietários:

  • Conheçam a legislação;

  • Avaliem se seus veículos se enquadram como ciclomotores;

  • Iniciem a regularização o quanto antes;

  • E, se preferirem manter a simplicidade de uma bicicleta elétrica convencional, considerem usar apenas pedal assistido (PAS).


Dica Extra

Antes de comprar uma bicicleta elétrica ou scooter, pergunte ao vendedor:

  • A potência do motor é de até 1000W?

  • A velocidade máxima é de até 32 km/h?

  • O motor só funciona enquanto pedalo?

  • O veículo possui acelerador manual?

Essas respostas te ajudarão a saber se está adquirindo uma bicicleta elétrica legalizada ou um ciclomotor que exige registro no DETRAN.


Até o Próximo!

Sensores de Efeito Hall em Bicicletas e Scooters Elétricas: Descrição, Aplicação e Desempenho

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