Nos últimos anos, as bicicletas elétricas vêm ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. A busca por alternativas sustentáveis de mobilidade urbana, aliada à alta dos combustíveis e ao aumento do trânsito nas cidades, impulsionou a adoção dessas bicicletas motorizadas como solução prática e econômica. Com esse crescimento, muitos consumidores se deparam com uma dúvida comum: optar por uma bicicleta elétrica fabricada no Brasil ou por uma importada e montada localmente?
Este artigo tem como objetivo apresentar um panorama completo das bicicletas elétricas totalmente fabricadas no Brasil, compará-las com os modelos importados montados no país e discutir um ponto crucial para o consumidor: a disponibilidade de peças de reposição e manutenção. Ao final da leitura, você terá uma visão clara das vantagens e limitações de cada opção.
1. O Cenário da Bicicleta Elétrica no Brasil
O mercado brasileiro de bicicletas elétricas está em plena expansão. Em 2023, foram comercializadas mais de 50 mil unidades de e-bikes com pedal assistido (PAS), representando um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Para 2024, a expectativa é de um avanço entre 13% e 21%, conforme dados da Aliança Bike.
Esse crescimento é impulsionado por diversos fatores: políticas públicas de incentivo à mobilidade elétrica, isenção de impostos para produção na Zona Franca de Manaus, avanços tecnológicos e a crescente conscientização ambiental da população. Além disso, a praticidade e o baixo custo operacional das bicicletas elétricas as tornam atrativas para trajetos urbanos, entregas, deslocamentos para o trabalho e lazer.
Dentro desse cenário, duas categorias se destacam: as bicicletas elétricas totalmente fabricadas no Brasil, que utilizam uma estrutura produtiva nacional, e as importadas e montadas localmente, que chegam ao país em forma de kits (CKD) e são montadas aqui, geralmente com pouca adaptação ao contexto brasileiro.
2. As Bicicletas Elétricas Totalmente Fabricadas no Brasil
Quando falamos em bicicletas elétricas totalmente fabricadas no Brasil, estamos nos referindo a modelos cujo processo de produção ocorre integralmente em território nacional. Isso inclui desde a fabricação do quadro e montagem final até a adequação de componentes como motores, controladoras, sensores e baterias ao uso local.
Essas bicicletas geralmente oferecem maior facilidade de manutenção, menor custo de reposição de peças e adaptação ao perfil do ciclista urbano brasileiro.
Principais marcas nacionais:
Sousa (Manaus - AM) A Sousa é uma fabricante com sede em Manaus, conhecida pelo modelo Eco 350. Essa bicicleta utiliza motor de 350W com alimentação em 48V e é voltada exclusivamente ao uso com pedal assistido. É ideal para trajetos urbanos e destaca-se pelo bom custo-benefício, simplicidade na manutenção e boa autonomia.
- Pedalla (São Paulo - SP) Com design moderno e componentes bem equilibrados, a Pedalla desenvolve modelos para uso urbano e recreativo. A empresa aposta na tecnologia nacional e na acessibilidade de peças. O suporte técnico no Sudeste e a produção local fortalecem sua presença entre os consumidores brasileiros.
Rema (Goiás - GO) A Rema tem foco em bicicletas elétricas acessíveis, voltadas para o transporte urbano. Com produção nacional e assistência técnica bem estruturada, é uma opção interessante para quem busca durabilidade e reposição rápida de peças.
Sense Bike (Manaus - AM) A Sense é uma das marcas mais conhecidas da nova geração de bicicletas elétricas nacionais. Seus modelos, como a Impulse E-Urban 350w, combinam componentes importados com montagem nacional. É um bom exemplo de integração tecnológica com produção local.
Oggi (Manaus - AM) Seguindo uma linha semelhante à Sense, a Oggi fabrica bicicletas com design italiano e componentes importados. A marca é reconhecida pela robustez e pela boa assistência técnica, com destaque para suas linhas urbanas e esportivas.
Caloi (São Paulo / AM) Com mais de um século de tradição no Brasil, a Caloi também entrou no mercado das elétricas com força. Seu modelo Mobylette elétrica resgata o clássico ciclomotor com tecnologia atual. A produção ocorre entre São Paulo e Manaus, com bom suporte técnico e distribuição nacional.
GTSM1 Marca nacional com linhas como a E-Bike V8S 2.0 750W, voltadas para quem busca potência e estilo. Embora utilize componentes importados, a montagem e boa parte do desenvolvimento são realizados no Brasil.
Essas marcas têm investido em soluções práticas, econômicas e de fácil manutenção, o que torna suas bicicletas atrativas para o público urbano que busca economia, sustentabilidade e simplicidade.
3. Bicicletas Elétricas Importadas e Montadas no Brasil
Além das marcas que produzem localmente, existem as bicicletas elétricas importadas em forma de kits e montadas em território brasileiro. Esse processo é conhecido como CKD (Completely Knocked Down) e consiste na importação de partes e peças (principalmente da China e Taiwan), que são depois montadas no Brasil.
Esse modelo permite que empresas estrangeiras reduzam impostos e adaptem a logística ao mercado nacional. Contudo, a maior parte dos componentes – incluindo motor, display, controlador, bateria e sensores – continua sendo fabricada fora do país.
Marcas comuns nesse modelo:
Trek
Specialized
Giant
Merida
Audax (algumas linhas)
Essas marcas normalmente têm foco em desempenho, esportividade e design, oferecendo modelos com tecnologias mais avançadas, mas também com preços mais elevados e manutenção mais complexa.
4. Peças de Reposição: Nacionais x Importadas
Um dos maiores diferenciais entre bicicletas elétricas nacionais e importadas está na disponibilidade de peças de reposição. Esse fator é decisivo para quem utiliza a bicicleta com frequência e precisa garantir funcionamento contínuo.
Bicicletas Nacionais:
Maior facilidade para encontrar peças compatíveis.
Muitas peças são universais ou adaptáveis (ex: sensores PAS, aceleradores, freios, pneus, baterias de chumbo/lítio).
Assistência técnica disponível em diversas regiões.
Suporte direto das fábricas e distribuidores nacionais.
Reposição mais rápida e com menor custo.
Bicicletas Importadas:
Algumas marcas utilizam sistemas fechados, com peças proprietárias.
Motores, controladoras e displays muitas vezes são incompatíveis com peças genéricas.
Reposição depende de importação, com prazos longos e custos elevados.
Assistência técnica geralmente centralizada em grandes centros urbanos.
Isso significa que, para o usuário comum que busca praticidade, os modelos nacionais oferecem uma experiência mais tranquila em termos de manutenção.
5. Vale a Pena Apostar nas Elétricas Nacionais?
A resposta depende do perfil do ciclista. Para a maioria dos usuários urbanos, que buscam uma alternativa ao carro ou ao transporte público, as bicicletas elétricas nacionais atendem com eficiência e menor custo total de propriedade.
As bicicletas fabricadas no Brasil reúnem vantagens como:
Menor custo de aquisição.
Facilidade na manutenção.
Peças disponíveis no mercado interno.
Apoio técnico direto com a fabricante.
Adaptação à realidade do ciclista brasileiro (clima, relevo, legislação, hábitos de uso).
Já os modelos importados e montados localmente atendem melhor aos ciclistas que buscam desempenho esportivo, tecnologias de ponta e estão dispostos a investir mais em manutenção e reposição de peças específicas.
Resumo
O crescimento do mercado de bicicletas elétricas no Brasil representa uma grande oportunidade para valorizar a indústria nacional. Marcas como Sousa, Pedalla, Rema, Sense, Oggi e Caloi mostram que é possível produzir com qualidade e oferecer soluções acessíveis para o dia a dia do brasileiro.
Segundo a Aliança Bike, o mercado de bicicletas elétricas no Brasil apresentou o seguinte crescimento:
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2016: 7.600 unidades
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2017: 7.200 unidades
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2018: 22.500 unidades
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2019: 25.000 unidades
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2020: 32.110 unidades
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2021: 40.891 unidades
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2022: 44.833 unidades
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2023 (projeção): entre 53.412 e 57.000 unidades.
Esse crescimento reflete a crescente adoção das e-bikes como meio de transporte sustentável no país.
Ao escolher uma bicicleta elétrica, considerar a origem do produto, a facilidade de manutenção e o suporte técnico disponível pode fazer toda a diferença na sua experiência.
Apostar nas elétricas nacionais, além de vantajoso para o bolso, também ajuda a fortalecer o setor e estimular a inovação no país.
Seja qual for sua escolha, o mais importante é pedalar com segurança, consciência e sustentabilidade.
Até o próximo!
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